Um naipe muito presente na execução das obras clássicas é o da percussão. Entretanto, algumas pessoas podem questionar se a presença destes instrumentos é realmente necessária.
Quando a percussão começou a ganhar espaço na música clássica, alguns compositores foram contrários a esta novidade. O compositor e teórico alemão, Sebastian Virdung, por exemplo, definiu, em 1511, estes instrumentos como “enormes fazedores de trovão, criados pelo demônio para atrapalhar as pessoas de bem e reprimir as melodias doces e toda a arte da música”.
Com o passar dos anos, os instrumentos de percussão foram ganhando cada vez mais espaço e sua importância na música clássica tornou-se evidente. Seja trazendo energia e emoção, definindo o ritmo ou configurando novos efeitos às obras musicais, este tipo de instrumento conquistou seu espaço.
Os instrumentos percussivos podem ser divididos em duas classes:
- De altura indefinida, ou seja, instrumentos de função puramente rítmica, de difícil percepção e marcados pela simplicidade. São tocados quando se bate ou raspa o determinado instrumento.
- De altura definida, isto é, aqueles que emitem notas perceptíveis e que obedecem à harmonia da música. Possuem maior complexidade e podem ser mais flexíveis na afinação.
Confira abaixo os mais comuns na música clássica:
Instrumentos de altura indefinida
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Caixa
Tambor que adveio de atividades militares. É carregado pelo tocador e possui duas peles, estando uma delas, a inferior (pele de resposta), em contato com uma esteira metálica ou de tripa de animais que dá brilho ao som e o diferencia dos outros tambores.
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Bombo ou bumbo
É um grande tambor de sonoridade grave e profunda. Tem som emitido ao ser tocado na pele de ataque e, consequentemente, leva vibrações à pele de resposta. Pode ficar suspenso, sustentado por um cavalete ou pendurado por alças no pescoço, ficando sobre o peito do percussionista.
Foto: Vic Firth
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Pratos
De origem oriental, eles podem ser tocados de várias maneiras: chocando-os uns contra os outros, raspando-os ou atingindo-os com uma baqueta – estas, por sua vez, podem possuir ponta de madeira, náilon, feltro e até mesmo marfim.
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Blocos sonoros
Blocos ocos de madeira ou de plástico que produzem som ao serem percutidos em seu corpo.
Foto: Vic Firth
De altura definida
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Tímpano
Grandes tambores que começaram a ser utilizados no período Barroco (séc. XVII até séc. XVIII), em pares e com peles de animal para receber os toques. Utilizados atualmente em quintetos, são maiores do que seus antecessores, sendo tocados com baquetas de feltro. Possuem um pedal para afinação.
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Xilofone
Sequência ordenada de placas de madeira dispostas como em no piano. Possui também um tubo de ressonância de metal acima das placas para a melhor projeção sonora.
Para percuti-lo, basta o toque de uma baqueta, geralmente de ponta arredondada de madeira.
O xilofone tem algumas variações, como o glockenspiel (do alemão, “jogo de sinos”), que funciona da mesma forma que um xilofone, entretanto o metal o material dominante.
Tom-tom
São construídos em formato cilíndrico, com duas peles, e tocados com baquetas. São mais populares na bateria, todavia, em orquestras, podem realizar rápidas sequências rítmicas que preenchem toda sonoridade. São passíveis de afinação, porém mais limitada do que o tímpano, por exemplo.
Classificação secundária
Outra forma mais específica de classificar os instrumentos percussivos é através do seu modo de execução, divididos entre os direta e indiretamente percutidos.
Diretamente percutidos
A maioria das peças está dentro dessa classificação, pois se refere à percussão em si, ao toque e ao impacto, que pode ser realizado através de baquetas, da mão ou fazendo o uso de um bastão.
Alguns exemplos: caixa, bombo, tímpano, triangulo e xilofone.
Indiretamente percutidos
Aqui, há mais uma subdivisão: instrumentos de agito, onde a execução do som se dá pelo simples balançar e chacoalhar do objeto, como um chocalho, ganzá ou maracá, e os instrumentos de atrito, percutidos pela raspagem em sua pele ou corpo. O reco-reco é um exemplo.
Olha só, a classe dos instrumentos percussivos, aparentemente tão simples e, no passado, considerada até mesmo primitiva, deixou sua marca na música clássica como um dos principais elementos de choque, mudança e efeitos sonoros para as obras.